domingo, 4 de janeiro de 2015

LIVRO: DIAGNESE MAPEAMENTO COMPORTAMENTAL ANALÍTICO

GRAÇAS A DEUS, INICIAMOS A CONSTRUÇÃO DE NOSSO LIVRO: DIAGNESE-MAPEAMENTO COMPORTAMENTAL ANALÍTICO.
ACOMPANHE A FEITURA DESTA OBRA LITERÁRIA...


Em breve, estaremos acrescentando o Capítulo 1, onde trataremos da progressão do conhecimento humano, desde as primevas indagações, às indagações científicas, como se originou este aprendizado, que implicações críticas sociológicas fomentaram uma perspectiva de experiência territorial e que alternativas éticas implicaram a este ser biologicamente psicanalítico, na atualidade, fato este, norteador do perfil e do modo como os pacientes/clientes interagem na primeira consulta de análise...

PSICANALISTA CLÍNICO – DIAGNETICISTA MASTER
(Trace seu mapa comportamental em 1 sessão)
AOS SÁBADOS:
Edifício Medical Gênesis - Rua Antonio Augusto, 1271 2. Andar – Sala 205 – Meireles
AOS DOMINGOS:
Consultório Particular à Rua Aracaju 971 – Henrique Jorge
Telefones: 8672-5790 – 9969-8761

Darlan.psicanalise@gmail.com

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

RELIGIÃO E PSICANÁLISE (1)

A primeira dificuldade imediata é entender se a religião se relaciona ao estabelecimento de uma lei, ou se refere à educação ou é mero isolamento. A influência da religião pelo querer na conversão, de uma forma ou de outra, fornece uma nova suposição ou caminho de possibilidade que se refere à violência baseada no contraste entre a visão de um Deus único a rigidez intolerante institucional que gera algum tipo de preconceito e acepção pessoal.

A inumerável quantidade de personificações, denotando popularidade ou discussões que mencionam experiências entre a eternidade e o cotidiano pode querer esclarecer diversas direções, mas não responde à hipótese do porquê a mensagem religiosa é invalidada pela falta de compreensão e de caráter contraditório de pessoas que dizem ter encontrado uma suposta verdade.

Outra possibilidade aberta e marcante na história da religião se encontra no fato de que entre o reconhecimento e apreciação, existe a possibilidade de continuidade envolvendo imposição, mudança de nome e disposição à submissão às tradições, envolvendo estabelecimento de hábitos e memórias.

Entre o encontro e o movimento, a inspiração e adesão, a influência política e as façanhas militantes, a responsabilidade e a abrangência, temos que refletir entre o caráter universal e ao mesmo tempo restritivo de desejar aprisionar o homem em nome de uma suposta liberdade, aonde a religião fomenta uma justiça e uma simplicidade, ao mesmo tempo em que intervêm e introduz uma doutrina a qual não é suficiente para ser completa por causa dos efeitos negativos que ela mesma apresenta, escravizando os seus membros.

Ao avaliarmos um conhecimento sem supormos uma novidade que agregue clareza e congruência, por final, somente denotará dureza e intolerância, como a rejeição armada dos fundamentalistas contra a sociedade que deseja espoliar fama, bens e almas; o que espanta, gerando insatisfação, supressão e vingança é o obscuro e restrito círculo da vaga efêmera que destrói e saqueia a memória dos convertidos, pela comunicação que gera oposição à identidade original de seus membros.

Comparando-se expectativas, parece haver um sentimento de vingança de sacerdotes, por causa do estado desfavorável financeiro, aonde a confissão de fé dos membros parece declarar um caminho fechado de proibitismo chamado de adoração a Deus, aonde se observam os contrastes fundamentais e intencionais desejosos de serem justificados como uma surpresa imaginativa de adentrar na realidade “post morten”, dizendo ter respostas sobre a eternidade.

Se analisarmos, por outro lado, a necessidade e a recusa do porquê as religiões querem introduzir seus costumes como certezas, o fato e problema  a ser introduzido e considerado, se refere ao incômodo gerado pelas imposições e desejos de superação envolvendo incompatibilidades como o contraste entre a popularidade da membrezia e o enigma do elitismo sacerdotal.
A convicção aderente dos pensamentos básicos religiosos fomentam esperanças e projetos aonde se paga caro para ter convicção na fundação do encontro que apresenta a adoração, uma vez que as escolhas tentam combater o destino e ao mesmo tempo denotam um desejo de adoção de um comportamento que envolva o reconhecimento da satisfação pessoal, ainda que negando contradições derivadas de circunstâncias políticas ocasionais e identificatórias, podem supor uma queda da imposição por idéias geradas.

Entre as influências, tendências e idéias de conceitos, independentemente se a religião é cristã ou não, a imponência da iluminação do líder obscura a membrezia, que concorda na decisão e fundação de uma convocação da inspiração divina, gera um encantamento da fé, inequívoca, fundada na violência da obstinação, oscilando entre restrição e reaparecimento de uma verdade como expectativa messiânica vinculada na promessa de felicidade duradoura; aonde o povo se sente suficientemente forte para empreender uma publicidade religiosa à sociedade.

Não pode haver dúvida de que elementos muito diferentes se unem na construção da experimentação da religião que surge da união de partes componentes, que se fragmentam na permanência à fidelidade do seu senhor, preservando a memória dele e continuando a tradição de suas doutrinas, na presença de uma minoria influente, que se acha culturalmente superior ao restante da sociedade.

A possibilidade provável quanto à obrigatoriedade é o vinculo da adoção como concessão aos seguidores prontos a aceitar o divino e o que os sacerdotes lhes contam a respeito dele, retendo como prova de fundação o intuito de demonstrar a grandeza e o poder, tendo que necessariamente ajustar, abrir espaço para esse divino, apagando os traços de religiões mais antigas na memória dos membros seguidores dessa religião.

O enigma religioso tem sua lógica própria; vinculada a uma manifestação fenomenológica, metapsicológica, cuja identidade se modifica com a conformidade dos desejos de satisfazer as necessidades do povo; cuja satisfação renega o fato aflitivo, constituindo-se em ter o intervalo da paixão e da violência, entre a pulsão de vida e de morte, como uma corrente de eventos vislumbrados de uma suficiência que em nome da verdade e justiça pode matar.

O esforço da busca do sucesso e o restabelecimento de uma fé, produz homens que preservam tradições como supostamente detentores de um conhecimento especializado, que percebem a significação de uma determinada crença e culto, que podem infuenciar massas amplas da população com uma metodologia própria, nem sempre tida por eficaz, mas sempre publicitária. (continua)

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

O PAGAMENTO NA TERAPIA

Pagar as despesas de uma terapia dá direito a reembolso? O que se passa pela mente do paciente quanto ao fato de que não existe devolução quanto ao pagamento das sessões?

O dinheiro representa a valorização do acontecido; a fantasia que se realiza como familiarização do procedimento e o combate da sanção surgida como juramento, aonde o desejo de reembolso é uma manobra ou tentativa do paciente para impedir que as dificuldades surgidas pelo sofrimento sejam descobertas, o que conceituamos como resistências do inconsciente.

O não pagamento ao analista representa o desejo do paciente em ter alívio por satisfazer-se na recusa de aceitar as declarações deste, quanto à responsabilidade do mesmo, o que denota a própria incapacidade do paciente de entender a necessidade de continuar o tratamento, seja por falsas premissas ou pela curiosidade de querer interromper suas contradições confusas.

Há pacientes que simplesmente se esquecem de pagar o tratamento, ainda que numa relação terapêutica bem definida e bem expressa em termos de evolução do quadro clínico. A grande indagação é saber o que o pagamento representa à pessoa que por recomendação tem conseguido pensar em saúde mental e emocional.

Para o analista, o pagamento do paciente envolve a auto-preservação e desejo de obtenção de poder deste, aonde cabe ao analista detectar o poder dos fatores sexuais que se acham envolvidos na questão da valorização atribuída pelo paciente ao dinheiro como pagamento ao profissional que o acompanha.

O profissional não deve ser incoerente nem hipócrita; não pode ter vergonha de dizer que o preço avalia seu tempo como profissional, aonde não deve haver acumulação de dinheiro por espaço de tempo longo para que não haja uma descarga de excitação de forma intensa na relação terapêutica, desgastando-a.

O profissional deve ser franco por ter à sua disposição métodos de tratamento que podem ser úteis, devendo reconhecer seus próprios direitos e necessidades reais, ainda que haja quem desempenhe o papel do filantropo desinteressado com esta realidade.

O analista não deve ficar com pena de si, sentindo-se secretamente prejudicado, nem deve queixar-se em alta voz da falta da consideração e do desejo de exploração evidenciado pelos pacientes, sabendo que estando privado da capacidade de ganho, isso seria comparável ao prejuízo infligido por uma incapacitação em atender de forma satisfatória o seu paciente.

O tratamento gratuito aumenta enormemente algumas das resistências do neurótico, levando à tentação inerente na relação transferencial, ou seja pela oposição à obrigação de se sentir grato, oriunda do complexo paterno e que apresenta um dos mais perturbadores obstáculos à aceitação de auxílio psicológico.

Há pacientes que esperam ansiosos pelo momento do pagamento, dedicando a esse momento, um afeto como sendo quase de adoração, bem como, há outros pacientes que, vêem como implicância repetitiva carente de alguma verdade.

O pagamento revela de imediato sua ligação com as idéias, gerando uma introdução participativa ou uma interrupção no diálogo durante o serviço prestado; seja como for, em ambos os casos, o princípio ativo da natureza corrente ativa envolvendo esse assunto é a revelação perceptiva comum nestas duas naturezas de situações conflitantes, aonde a impressão irrelevante do pagar, está ligada a acontecimentos psiquicamente significativos por abundantes conexões associativas.

O próprio paciente responsável pelo lapso deve descobrir a solução; pode despir-se de seus preconceitos e interromper o tratamento, podendo se colocar num estado de resistência e mal-estar, tendo que empreender sozinho uma busca sistemática aonde a agitação será cada vez maior, sem êxito.

Ademais, pode reconhecer o seu  ‘extravio’ como um ato sintomático, ainda que feito intencionalmente, precisando acordar para poder prosseguir na busca com o auxílio de uma imparcialidade profissional necessária, pois é provável que o paciente esteja apenas demonstrando um de seus sintomas: a freqüência com que suas intenções são perturbadas pela interferência de motivos obscuros.

Ainda que a omissão seja tida como inofensiva, pelo conhecimento entre paciente e analista, esse descuido não deixa de se relacionar com os sinais de um comportamento dividido no que concerne ao dinheiro, como a avidez primitiva do lactente, que quer apossar-se de tudo para levá-los à boca, buscando superação.

O desfalque ao pagamento pelo paciente, custeia uma luta interna, aonde o mesmo, ciente da impropriedade de sua ação, deseja superar seu remorso dizendo a si que, na verdade, não tinha nenhum valor o tratamento,  contestando suas auto-recriminações que voltam a surgir, após breve intervalo, como angústia.

O significado dessa insinceridade e negação implícita financeira é uma expressão combinada de descontentamento, de desconfiança e de conhecimento superior, numa alusão de desnecessidade, como se tudo não tivesse passado de uma brincadeira.

Nessa transferência, quando o paciente desempenha o papel de mau pagador com relação ao analista, a transferência desse delírio de mau comportamento, revela uma confusão, aonde o paciente pensa que o analista está tirando algum proveito dele, como que, gastando seu tempo para o tratamento durar mais tempo.

Há quem diga, por receio, que esse tipo de comentário não deva ser exposto; contudo, como a questão envolve o respeito profissional, entre a procura, confissão e o caráter detalhado das despesas envolvendo pagamento do profissional, esse grande e misterioso poder instintivo do dinheiro que se expressa de modo tão impreciso, deve ser esclarecido entre profissional e o paciente, tão logo seja comprovado que a falta da consideração gera um fracasso terapêutivo.

O dinheiro envolve a história da vida da pessoa; de um lado as circunstâncias acidentais e as influências do meio e, do outro lado, as reações conhecidas do indivíduo; baseado em seu conhecimento dos mecanismos psíquicos, o analista deve se propor a estabelecer uma base dinâmica para a sua natureza financeira, fundamentada na intensidade das reações transferenciais, visando desvendar as forças motivadoras originais da mente do paciente, assim como as suas transformações e desenvolvimentos futuros quanto ao andamento da análise.

Temos de reconhecer aqui uma margem de liberdade do paciente, que não pode mais ser resolvida pela psicanálise ou psicologia, que é o desejo de continuidade do trabalho do profissional. O que podemos fazer, é procurar entender a fonte da tendência à repressão e a capacidade para a sublimação nos fundamentos orgânicos do caráter nos pacientes, sobre o quais se vem erigir posteriormente suas estruturas mentais, refletindo nas posturas financeiras, como ganho e lucro ao aprendizado experiencial.

Nisso, aprendemos, a cada atendimento, que sempre existirão razões obscuras inconscientes, dando sentido à nossa própria existência como analistas, visando o bem-comum social, ainda que tenhamos que pagar, em qualquer nível social, um alto e caro preço, recebendo pouco, menos do que a nossa consciência atesta.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

O TEMPO E A TERAPIA

O que falar sobre o tempo? A era da continuidade, do ter, das razões do crer?
O profundo interesse do aprendizado da arte da leitura é reconhecer o efeito duradouro e orientar sob a influência de um conhecimento, desenvolvendo o desejo de dedicação do tema proposto.

As várias teorias atraem fortemente o interesse das pessoas porque oferecem esperanças de extraordinário progresso na compreensão do mundo, bem como oportunidades de marcar o ensino da nossa época, sob a validação de uma permanente resistência científica.

Do ponto de vista clínico, o tempo é uma influência tolerável capaz de tirar alguém de uma condição de miséria, ou recair na ignorância ou desejar jamais alcançar, fracassando na amnésia de uma mera sugestão clínica.

Tentar compreender o segredo da descoberta, generalizando através de casos isolados é algo enriquecedor porque entre as obras e os resultados, residem os sintomas histéricos, nos fatos da vida do paciente, rastreados pela análise clínica, atingida pela recepção e ao mesmo modo desconfiança, podendo desencorajar o profissional e ao mesmo tempo, favorecer as pesquisas.

O desempenho do analista consiste em confrontar a incredulidade e contradição que envolve o peso da influência pessoal do paciente e da pessoa do analista, numa condição de amor transferencial que suscita admiração e crítica aberta, que se manifesta no paciente entre a insistência e a recordação, testando-o e esclarecendo-o.

Quando o ego recua diante do impulso do Id, o mecanismo da repressão pode tornar a psicoterapia como algo aparentemente ignorante e sem valor porque entre erros e avanços, o método pode ser taxado como sedutor, invenções de pacientes ou golpes financeiros.

Todas as diferentes variações e conseqüências dos trabalhos psicológicos com seus métodos de pesquisas e teorias se constituem numa mescla de verdade e erro, porque entre deixar o paciente convencido ou atônito de algo, não podemos deixar de considerar os fatos e os próprios desejos dos pacientes.

Não é possível preconizar no processo a consideração ou retirada das trilhas do tempo, no sentido de que o período dedicado à análise não se constitui como desenvolvimento e resultado da análise.

Dentro do tempo cronológico, temporal, a experiência clínica revela que o complexo da neurose tem um ponto de junção específico que se reprimi, inclina e especula o papel e importância das impressões e afirmações acerca do achado como resultado terapêutico, num estado atemporal aonde permeiam complexos emocionais enigmáticos inconscientes.

Quanto ao que resta ao analista que é a contemplação da “distância” entre as reações sintomáticas envolvendo culpas e restrições éticas, poderemos supor a possibilidade de um fato formar um círculo complexo de ambivalência substitutiva como propósito do tempo.

A base psicológica sobrevive à base do seguimento da linha de raciocínio desenvolvida, que pode ser ampliada, aprofundada, corrigida ou encerrada, dependendo da psicologia do analista e da psicologia do paciente.

No começo do tratamento, os sintomas e personalidades interessam de tal forma que há grande dedicação de tempo para alcançar ou tentar recuperar no uso da técnica uma concordância limitada, entre a recriminação, hesitação e agitação do paciente.

O medo de responder sobre as recordações de visões do passado ou a tentativa de redução das recordações dessas lembranças aonde o analista pontua para tentar influenciar a descoberta das causas desses sintomas.

No segundo momento, o relato sobre o sofrimento pode acontecer numa única frase e numa sucessão tão rápida de tempo que poderia ter sido constituído numa única sessão, aonde os sintomas e afetos associados são separados, levando o paciente a grandes esperanças no tratamento pelo convencimento do exemplo surgido.

Acontece, que, num momento posterior, quase seqüenciado, então, como que, em ordem cronológica, as reclamações e expressões de incômodos estranhos podem surgir por outro período de tempo, de modo que o analista pode se julgar como idiota, caso não esteja preparado em análise e saiba como proceder.

A contrariedade de expectativas, quadros de excitação profissional, longas séries de exemplos de experiências, alternadamente aflitivas e irritantes, acompanhadas de muita animosidade e demonstração de grande senso de humor, são situações entregues aos cuidados dos analistas.

O tratamento é reiniciado a cada sessão, gerando uma experiência instrutiva, sob a observação e descrição dos pormenores do analista, disposto a dar seqüência ao tratamento.

Dessa forma, penso, que o tratamento se reinicia a cada sessão com a entrada do paciente e se rompe a cada saída do mesmo, aonde o tempo do relógio parece ser sacrificado todos os dias em busca dos bons resultados pelos quais os profissionais lutam há tanto tempo, gerando a beleza da vida no “alvorecer e por do sol” dos sintomas dos pacientes a cada encontro, seqüenciados nos “genomas” da vida, escritos nos prontuários psicológicos.

A sugestão que deixo aos colegas é que entre a contagem e a ocorrência do tempo, o profissional se dedique inteiro àquele momento que terá consequências eternas nas vidas postadas no divã da confiança e no sofá da credibilidade; cujo diferencial no atendimento é prestar atenção no segundo incisivo inserido no minuto do discurso, sabendo a hora de pontuar e extrair o que parece ser eternidade do coração e da mente dos que nos apresentam a própria vida, aonde temos a oportunidade de transcrever e traduzir, como cuidadores, na verdade, a nossa própria história.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

REFLETINDO SOBRE A CONVERSÃO RELIGIOSA NUMA PERSPECTIVA TEOLÓGICO/PSICANALÍTICA

1º. MOMENTO: PARADOXAL DE EXTERIORIZAÇÃO DO LIBIDO E CERCO DA CONSCIÊNCIA:
O processo de conversão se inicia com uma abertura instintiva inconsciente da constatação de que a personalidade é desvalorizada pelo social, originando traumas e a falta de perdão gera uma perda de permanência no trabalho produtivo ou stress, tirando o foco definido da responsabilidade cujo mecanismo de defesa repressor acaba indo contra a consciência da pessoa que não quer saber de nada, mas ao mesmo tempo questiona a falta de ordem e do cuidado pessoal a que esse período associa, interiormente, como que se estivesse se sentindo descoberta de algo ou devendo algo a si mesma, sem saber o que seria, num processo inconsciente de tentar dar sentido à vida.

Numa fase posterior, o excesso de energia psíquica gerado na fase anterior gera impulsões orgânicas, aonde o paradoxo prazer e negação do prazer como recompensa ou punição precipita a uma massificação ou exacerbação de uma prática tornada viciosa, gerando divisão dentro de si mesmo(a), e ao mesmo tempo uma insensibilidade egoísta de oposição e escárnio aos valores morais confrontadores, formando reativamente uma fixação de idéias opostas ou contrastes, dificultando a abertura ao diálogo e ao mesmo tempo achando-se despreparado ou rejeitado à companhia de alguém, carecendo de uma mediação ou reflexão incisiva por parte algo externo.

Na terceira fase, essa busca pelo prazer gera o desejo e ao mesmo tempo a rejeição de si mesmo(a), aonde a alienação cultural e a acepção pessoal confronta o sentido da vida da pessoa que passa por esta crise de experiência, ora constrangido, ora sendo injusto, numa crise de valores que projeta atribuições e problemas aos outros como forma inconsciente de querer substituir a falta da presença de autoridade e de apoio, aonde o presente é uma angustiante e depressiva rememorização do passado gerando angustiosa e deprimente expectação futura de opressão, agonia, desprazer e punição pessoal.

2º. MOMENTO: CONCEPÇÃO DE IDEOGÊNICA CONFLITIVA:
Após o período em que a insensível falta de foco e confrontação do sentido da vida, pelo instinto, impulso orgânico e desejo de prazer do Id quer delimitar a vivência comportamental, segue-se a quarta fase aonde  a mente constata a necessidade de regulação e redefinição de papéis, carecendo de um modelo aonde os estímulos externos possam ser lidados, as experiências decorrentes deste processo possam ser armazenadas e haja aprendizado e modificação da persona única e original intriseca de cada pessoa.

Inicialmente, na quarta fase, a necessidade de apoio e de ajuda enfrentam um relativismo moral que gera a perda do desejo de prioridade e ao mesmo tempo uma crise de autenticidade na busca pela vocação, ocasionando rebeldia e acusação que podem gerar uma regressão mental influenciando num comportamento abusivo de achar que merece algo quando se acha agredido pela falta de prazer requerido, visto que a falta de influência pessoal ao meio aonde vive gera necessidade de afeto parental, conjugal, fraternal ou social, redimindo e libertando O Ego do desejo de ser servido, carecendo esvaziar-se preenchendo-se com um novo desejo de servir e ser valorizado pelo outro.

Na quinta fase, as experiências armazenadas exibidas no egoísmo, oportunismo e inveja de se achar dono da verdade, leva-e-traz e ser acomodado pela crise de autenticidade da fase anterior, que gerou indisciplina opressora interior, aprisionando a si mesmo por uma política pessoal que quer negar o sofrimento, numa crise de conceitos, aonde o medo e dúvidas são chamados à uma racionalização ainda que gerem desculpas e motivos aparentemente justificáveis, cuja falta de conteúdo reflexivo gera o desejo de busca pela reconciliação e paz interior, ainda que a busca do sentido da vida aumente e se a pessoa se ache num vazio inconsciente cada vez maior,

Na sexta fase ao aprender a modificar sua indisciplina mental, pela concentração na busca de superar o sofrimento de vazio, as artificialidades que geram falta de atitude mediante a necessidade de uma palavra ou comando mental, que geram crise de identidade, descrença e escândalos, negação, recusa em reconhecer a situação ou recaída no processo de mudança interior, oriundas da falta de cumprimento para consigo mesmo, ao ordenadas à supressão mediante a busca de algo que transcenda o que carece a mente, numa oportunização de entrar em contato com algo novo transpessoal, abertura ao aprendizado mediante o sofrimento, gerando sede e fome de saber transformador.

3º. MOMENTO: PSICOTERAPIA RESSIGNIFICATIVA:
Após o abuso da crise conceitual e processual mental, aonde a pulsão do ID, o ajustamento do Ego carecem de um tratamento psicoterápico interior de auto-consciência, mediante a inibição dos impulsos sem moral do Id, a tentativa de um comportamento forçado do Ego, necessitam ser conduzidos à perfeição ou “homeostasia racional”  cujos gestos, pensamentos e palavras venham a refletir na pessoa a superação da falta de fidelidade à busca do sobre-natural, ainda que inserido no pessoal, de maneira afetivo-cognitivo.

Na sétima fase, os impulsos imorais ou amorais que especulam uma falta de preservação da sanidade mental e da realização cognitiva, que geram crise de discernimento, acusando afronta e falsidade, deslocam e mudam sentimentos para outras coisas, substituindo faltas por exacerbações vocabulares ou desejos de atividades egoístas, aonde a pessoa se sente perdida, carecendo urgentemente tomar atitudes e decisões que irão mudar o curso de suas vidas.

Na oitava fase, a carência de atitude decisória se intensifica no superego aonde os comportamentos forçosos que inconscientemente são como mensagens subliminares, gerando uma estranheza e falta de intimidade consigo mesmo, como que “se estranhando ou se desconhecendo” numa crise existencial, com grandes e graves lutas interiores, aonde a identificação do caráter, da essência do que se é assimila características de outro modelo, levando a constatação da falta de zelo para consigo mesmo e uma convocação pessoal introspectiva e holística a algo superador, motivador e novo que venha a gerar paz interior e auto-estima.

Na nona fase, este preço pago à condução da perfeição de quem somos, do que ensejamos e do que desconhecemos é instituído a nosso favor em meio à uma crise de fé em nossa falta de preparação e mediante uma guerra espiritual, contra os valores sociais, culturais, interpessoais e intra-pessoais, aonde a introjeção ou sublimação da pulsão do libido é ressignificada, integrada como  nova crença a ser canalisada por causa de novos afetos associados à reflexão do absoluto e da comprovação na integração com um novo meio em empatia dialógica, canalisando as energias para algo aceitável, aonde a antiga falta de correção foi transformada em propósito de vida.

A abertura do instinto curioso que gera o impulso do desejo de ter o prazer do conhecimento, provoca estímulo para armazenar o novo, modificado e aprendido, de forma que os impulsos são inibidos, os comportamentos são forçados e há um progresso desenvolvimento em harmonia (Novo Nascimento)

Esse processo é retilíneo na pessoalidade acumulativa histórico-existencial, cíclico em sua operativa mental-comportamental diária e espiral em sua projeção visionária dialogal, aonde somos impelidos numa liberdade de sermos edificados no ontem, consolados no hoje e exortados no amanhã, que teologicamente se baseia na tríade-conversão-comunhão-adoração = salvação.


Jesus redefine isso como tomar a cruz do Id, negar o seu EGO e seguir o SUPEREGO aonde o inimigo veio matar os relacionamentos, destruir a reflexão para roubar a revelação. No complexo de Édipo a Tríade PAI, FILHO e ESPÍRITO SANTO são rememorados na Tríade PAI, FILHO e MÃE, denotando que a autoridade e a conservação carecem da recepção e aplicação conjugada, saber receber no Id o que o Ego gera advindo do Superego.

A cada dia devemos procurar crescimento espiritual, num processo de conversão diária a Deus, cuja produção da fé será confiança relacional, esperança mental e fé salvadora em Deus, de quem somos, vimos e iremos, fazer parte com a glória que nos esteve preparada; basta queremos, pois tendo ou não tendo se quisermos, poderemos ser o que Deus tem preparado para aqueles que o amam.

IDEAL DE BELEZA MASCULINO NAS PUBLICIDADES CONTEMPORÂNEAS

Resumo: Este artigo sugere uma reflexão teórica acerca do ideal de beleza masculina nas publicidades contemporâneas; conforme os teóricos Andrieu (2006), Jodelet (1982, 1984, 1986, 1994), Moscovici (1961/1976, 1978, 1982, 1990, 2003), Vala (1993), Durkheim (1986), as mudanças sociais ocorrem em meio a representações sociais, gerando uma consciência coletiva, em mecanismos de controle social, por sanções e recompensas. Bhaskar (1996), Rouanet (1996), Perrusi (1995), Alexander (1987) tratam dos mecanismos de controle social e do fenômeno do pensamento social, onde a imagem externa do corpo é uma aparente mediadora do lugar social. Ohana, Besis-Monino e Dannenmuller (1982), Althusser (1996), Gramsci (1978), Duveen (2003) e Moscovici (1961/1976, 1978, 1982, 1990, 2003) tratam da preocupação com o corpo masculino funcional, no sentido de preservar a saúde, manter o equilíbrio psíquico e a conservação da aparência estética, como forma de disciplina e de controle moral, na ideologia de regras de orientação e de conduta pela performance de atores sociais. Tavares e Brasileiro (2003), Theodor Adorno (1986), Serra e Santos (2003), Michel Foucault (1987, 1999), Gilbert Durand (1998), Kurz (2001), Camargo & Hoff (2002), Breen (1998) e Giddens (1998) falam sobre a mídia estipular modelos de beleza, no contexto empresarial,  que transforma o corpo masculino em mercadoria, dispositivo de poder do consumo, inserida na peça publicitária, perdendo a identidade de gênero, pela venda de padrões de beleza corporais. Por fim, Castro (2003), Iuri Lotman (LUCID, 1980:213), Roland Barthes (1980), Jean Baudrillard (1985), Featherstone (1993, 1995) e Bourdieu (1988) tratam da distinção social e (re)definição de identidade contemporânea, pelo culto ao corpo, numa dimensão sígnica, cuja construção de estilos pelo consumo define o poder social, como resultante de coerções sociais, onde o corpo masculino é a objetivação representativa e reveladora das disposições e interações dos hábitos sociais.
Palavras-Chave: beleza masculina, publicidade contemporânea, representações;

Introdução

Desde quando a humanidade começou a usar símbolos, sinais, fala, linguagem e escrita, passou a se organizar, criando paradigmas, que, com a evolução da tecnologia, transformou a ilusão da imagem numa realidade virtual, numa necessidade crescente de comunicar a propriedade, de compreender para controlar o outro, se constituindo num fenômeno de propagar crenças e vínculos, procurando significar mudanças sociais, num processo de modelagem que reflete as expectativas sociais. Dessa forma, fatores cognitivos e comportamentais, construções de significados contribuíram para o paradigma cognitivo, simbólico e evolutivo. O corpo masculino representa não somente o indivíduo, bem como a própria sociedade, como uma unidade somatopsíquica dinâmica que se manifesta na forma de comportamento. É uma linguagem verbal e visual que denota atenção, interesse, desejo, convicção e ação, aonde a escolha tem na utopia proposta pela propaganda, uma introdução ideológica específica de intentar prazer e alívio da dor.

O ideal de Beleza

 Observando-se a temporalidade biológica, a humanidade busca uma renovação do aspecto físico corporal, num ideal estético, funcional, incessante por mudanças conforme destaca Andrieu (2006). As mudanças ocorrem em meio a representações sociais, que segundo Jodelet (1986) e Moscovici (1978), são formas de conhecer o mundo, agrupando conjuntos de significados que dão novos sentidos, a um saber compartilhado, generalizado e funcional para as pessoas, chamado de senso comum, decorrentes das explicações do cotidiano. As representações são modalidades particularizadas sobre comportamentos e a comunicação entre indivíduos; seu estudo denota analisar os processos de interação da vida social, teorizando sobre a comunicação e organização dos comportamentos, que segundo Vala (1993), alimentam-se das teorias científicas e dos eixos culturais, ideologias formalizadas, das experiências e das comunicações cotidianas.
Segundo Durkheim (1986), o que fornece unidade à vida social (entendendo o homem como produto da realidade da associação de indivíduos) é o conceito de consciência coletiva, que se manifesta pela minimização das diferenças individuais (preconceitos de julgamentos inconscientes), originando representações coletivas, envolvendo modos de agir, sentir e pensar socialmente como “efeitos” psíquicos, provocados pelos “meios próprios da consciência coletiva”. Ele entende que nessa ação sobre os indivíduos, os “fatos sociais exteriores e anteriores aos indivíduos” exercem poder coercitivo na existência concreta da materialidade manifesta no comportamento dos membros da sociedade, por meio da socialização e internalização de valores, bem como na estrutura jurídica e organizacional da formação social, originando mecanismos de controle social, nos critérios e formas de sanção e recompensa, aonde a mídia se encontra inserida.
Bhaskar (1996) trata da produção, exteriorização e constituição dessa consciência individual ou coletiva, envolvendo a problemática filosófica no campo da metafísica (relacionando idéias e coisas materiais), no campo perceptivo (relacionando as limitações das paixões e interesses sobre coisas existentes no espaço/tempo quanto à inteligência) e no campo epistemológico, tratando de investigar a atividade humana, do ponto científico e social, denominado de realidade, que Rouanet (1996) trata como uma falsa consciência. Na busca do sentido significativo que envolve o senso comum e a representação social, que se materializa acima dos ideais, pelo fato de se tornar objeto de estudo para as ciências humanas, os cientistas de diversas áreas afins, tentam entender o fenômeno psíquico, social, individual e coletivo, Perrusi (1995), aonde, no desenvolvimento do pensamento social, as divergências teóricas geradas acabaram constituindo as ciências sociais, conforme cita Alexander (1987).
Comparando as teorias de Moscovici e Durkheim, afirma Perrusi (1995) que Moscovici apropriou-se do conceito de Durkheim: O significado de senso comum evoluiu para um conceito mais abrangente envolvendo aspectos sociais e psicológicos, fazendo surgir a necessidade de uma consistente e acentuada cognição sobre a necessidade de delimitar o campo de ação do cotidiano. Para Moscovici, (1978), o senso comum é formado por imagens e símbolos, cuja realidade é dominada pelo “porquê” (em vez do “como”), gerando uma pluralidade de pensamentos naturais espontâneos, contextuais e sociais que dispersam a informação, que induzem a personificação e figuração de imagens. O conceito social de Moscovici, é, portanto, diferente do conceito coletivo de Durkheim, ao designar uma dinâmica bilateral no processo de constituição, elaboração e partilha da forma de conhecimento social, inserida numa realidade psicológica, afetiva e semelhante ao comportamento individual. Isso denota que o senso comum passa a interagir com a socialização.
Jodelet (1986), defende que as representações são medidas sociais da realidade, produto e processo de uma atividade de elaboração psicológica e social dessa realidade nos processos de interação e mudança social, envolvendo ideologias, simbolismos, atitudes e condutas comportamentais que influem na questão corporal. Jodelet (1984,1994) trata da importância do estudo do corpo, pelo papel importante nas maneiras coletivas de ver e viver estes modelos de pensamento e comportamento relacionados, onde a imagem externa é uma aparente mediadora do lugar social onde o indivíduo está inserido, do conhecimento pessoal e do outro, de forma relacional. Jodelet, Ohana, Besis-Monino e Dannenmuller (1982) estudaram que a sociedade de um modo geral, se preocupa com o corpo masculino funcional, no sentido de preservar a saúde, a juventude e a forma física, visando prevenir a deterioração e manter o equilíbrio psíquico e a conservação da aparência estética, como forma de disciplina de boa vontade e de controle moral, visando respeitar as normas sociais, e como intenção sedutora de busca do prazer pessoal e o do outro.
Tratando do simbolismo ideológico (que possui amplos e diversificados conceitos), tratando sobre as idéias, representações, influências e manifestações da sociedade, Althusser (1996) fala da teoria da ideologia em geral (imanente, coesa, como conjunto das idéias, conceitos, valores e visões de mundo partilhadas numa sociedade). Assim como Althusser, Gramsci (1978) rejeitou explicitamente uma noção negativa de ideologia (dominação, alienação), aonde defende a existência de regras de orientação e de conduta para a existência de performance. A simbologia representativa da preocupação coletiva com o equilíbrio emocional e disciplina corporal, inserida na prevenção social, denota a necessidade da comunicação em massa, visando divulgar a produção de conhecimentos do senso comum e da diversificação das representações envolvendo estas temáticas, segundo Duveen (2003), aonde a mídia constrói e difunde com o público consumidor e produtor do conhecimento, as representações sociais, usando atores sociais, em práticas de comunicação do cotidiano, conforme afirma Moscovici (1961/1976, 1982, 2003).
Pensa Tavares e Brasileiro (2003), que a mídia também estipula modelos de beleza, absorvidos pela sociedade como um padrão a ser imitado, no modo de como viver e ver o corpo masculino. Na visão de Theodor Adorno (1986), a realidade aparente deforma o atendimento das necessidades, sendo despercebida e não questionada, gerando o mal estar cultural.
As autoras Serra e Santos (2003), dizem que os meios de comunicação veiculam e externalizam de forma objetiva, notícias, representações e expectativas nas propagandas, informações e noticiários oriundos dos desejos das empresas midiáticas que integram no contexto empresarial, um sistema de crenças relacionando uma suposta verdade biomédica ao desejo social e individual, fazendo com que o corpo seja uma espécie de campo de luta de diferentes saberes, práticas e imaginários sociais. Na propaganda, no contexto empresarial, como prática social, é interessante a afirmação de Moscovici, (1990), que trata da externalidade objetiva no sentido da tentativa de reabsorção das várias significações excedentes individualizadas, materializando esse simbológico ideológico coletivo:

O dinheiro é o exemplo mais evidente de transformação de uma forma em matéria, de uma imagem mental em (...) representar uma relação invisível através de um objeto visível, (...)  que passa de mão em mão e (...)  assegura (...) no mundo moderno, a preponderância do sistema de representação, (...) da convenção do símbolo, sobre o conjunto dos objetos e das relações afetivas, inscrevendo (...)  uma figura do pensamento (...) que a distingue das outras substâncias e permite reconhecê-la(...).

O Corpo

Segundo Michel Foucault (1987), o corpo (masculino) é um veículo de comunicação da mídia; linguagem corporal com significado cultural, transformado em mercadoria, dispositivo de poder pela relação comercial do consumo social, equiparado a cifra de desenvolvimento econômico pelo imaginário dominante social. Segundo ele afirma (1999), o saber sobre o corpo (masculino) se desenvolveu no início do século XVII, com a Medicina, se expandiu para outras áreas do saber. Assim, também a propaganda, no contexto empresarial e social, faz uso do saber sobre o corpo masculino, tendenciando a uma crescente oferta de produtos para o público específico interessado, como novo segmento de marketing que dialoga tendências de comportamento, expectativas, desejos e percepções do público, numa concepção econômico-mercadológica social inserida na peça publicitária, aonde a imaginação social é retratada. Gilbert Durand (1998), trata do imaginário como um mito, fenômeno único e excludente, situado num espaço/tempo, passível de reversão, podendo ser contraditório pela flexibilidade de querer narrar a história, no tempo presente, fazendo uso de imagens repetitivas e oscilantes.
Kurz (2001), afirma que a partir do século XVIII, devido a muitas transformações, inclusive econômicas, o corpo (masculino) tem sido tratado como corpo-produto, banalizado e sedimentado dos conteúdos pelo desgaste de significados culturais conhecidos. Para Camargo & Hoff (2002), o corpo-mercadoria do marketing éconstruído num gradativo processo de controle, na compreensão da sexualidade, associando à saúde, à estética à construção de padrões corporais divulgados na publicidade. O corpo masculino está carregado de significações no imaginário mercadológico como corpo-objeto, sendo revestido pelo valor do consumo, perdendo a identidade de gênero, conforme afirma Breen (1998). Giddens, (1998), afirma que os corpos-produto são apresentados como mercadoria, analisados pela eficiência e qualidade, sendo disciplinados, controlados, catalogados e classificados, visando a divulgação e venda de padrões de beleza corporais.
Segundo Castro (2003), os setores econômicos relacionados à beleza e estética corporal têm tido crescimento significativo. Isso denota que o corpo masculino como estratégia de distinção social e (re)definição de identidade marca o mundo contemporâneo, porque o culto ao corpo masculino tem como preocupação principal a maior aproximação possível de um padrão de beleza estabelecido socialmente, não resumindo à prática de atividade física, mas envolvendo consumo de produtos diversos. Iuri Lotman (LUCID, 1980:213), estudioso da semiótica, afirma que a informação cultural não hereditária, adquirida, preservada e transmitida pelas sociedades humanas, tem uma dimensão sígnica; aonde o corpo masculino se apresente e se entende como um texto cultural, que produz representações e informações à sociedade quanto ao modo de como deve se viver, o que fazer e o que se deve ter. Roland Barthes (1980) apontou o  duplo aspecto no consumo de satisfazer às necessidades materiais e carregar estruturas e símbolos sociais e culturais.
Jean Baudrillard (1985) aborda a partir da Semiologia, que o consumo supõe a manipulação ativa de signos na sociedade capitalista gerou a mercadoria-signo, numa distinção entre imagem e realidade sendo reduplicada de forma infinita em signos, imagens e simulações por meio da mídia. Assim, preocupado em denunciar o consumo como signo de troca, ele afirma:
A ética da beleza (...) e da moda, pode definir-se como a redução de todos os valores concretos e dos Valores de uso' do corpo (energético, gestual e sexual), ao único 'valor de permuta' funcional (...) a idéia de corpo glorioso e realizado. (...) parece que a única pulsão verdadeiramente libertada é a 'pulsão de compra.
O estilo construído pelos indivíduos na coletividade envolvendo o corpo masculino na publicidade influi na personalidade individual do público masculino, garantindo a possibilidade de cada um identificar-se com os outros e ser único. Tal possibilidade de construção de estilos é dada pelo consumo, que define as identidades nas sociedades contemporâneas. Featherstone (1993) afirma que a importância da apresentação corporal no estabelecimento de relações sociais envolve a linguagem/gestualidade e a forma, como indicador de poder social e prestígio. O culto ao corpo (masculino) constitui, nas sociedades contemporâneas, um comportamento resultante de coerções sociais; basta lembrarmos as situações de desprezo e o desprestígio experimentado pelos obesos em nossa sociedade, conforme destaca Featherstone (1995).
Bourdieu (1988) trata da linguagem corporal como marcadora de distinção social, seja pelo consumo alimentar, cultural e a forma de apresentação (vestuário, artigos de beleza, higiene e de cuidados e manipulação do corpo) envolvendo a distinção social.
O corpo é a mais irrecusável objetivação do gosto de classe, que se manifesta de diversas maneiras (...) aparência, (...) formas, (...)maneira de tratar o corpo, de cuidá-lo, de nutri-lo, de mantê-lo, que é reveladora das disposições (...) do habitus.

Considerações Finais

O ideal de beleza masculina nas publicidades contemporâneas envolve  mudanças e representações sociais, mecanismos de controle e fenômenos de pensamento, imagem externa e lugar social. A estética, o controle moral, a ideologia de regras de orientação e de conduta e a performance de atores sociais, num contexto empresarial, transforma o corpo masculino em mercadoria, peça publicitária, perdendo a identidade, (re)definida numa dimensão sígnica, como estilo representativo do poder coercitivo que representa uma aparente disposição individual, sendo, uma interativa representação coletiva de hábitos sociais.

REFERÊNCIAS:
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Escrito por Darlan de Almeida Lima, Luiz Henrique Sampaio Martins, Emanuelle, Eudilene P. S. Silva, Geovana de Castro Rocha, Vitória Nataly, Vinhas Mendes e Fernanda S. Loiola | Publicado em: 24 de Janeiro de 2013
Categoria: Psicologia Social

A IMPORTÂNCIA DO AFETO MATERNO INSERIDO NA LINGUAGEM DO MATERNALÊS, PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL

Resumo: Este artigo sugere uma reflexão teórica acerca da importância do afeto materno inserido na linguagem do maternalês, para o desenvolvimento infantil; conforme os teóricos Elliot (1982), Bee (1996) e Ribeiro e Garcez (1988), a linguagem é o núcleo do sentido da ação recíproca que dá o significado da comunicação. Conforme Sim-Sim (1998), Hoff (2006) e Hudson (2006), através da manutenção da atenção do espaço de interação com a criança, agindo diretamente relacionado com o fenômeno observado no corpo da criança pequena, há uma progressiva interação da comunicação infantil que envolve pela situação materna de motivar a criança, cuja modificação do padrão da fala interage, numa construção do espaço de valorização dessa troca afetiva. Conforme Perroni (1992), Peterson (1994) e  Mccabe (2004) e Bates (1976) se estabelece na relação entre fala e afeto, que vai crescendo e formando uma teia externa de relacionamentos, iniciando-se por gestos e sinais. Conforme Ornstein, Haden & Hedrick (2001/2003) e Rigolet (2000), a comunicação baseada na linguagem mãe-criança (maternalês) provê mecanismos para que crianças pequenas adquiram habilidades de memória generalizadas.
Palavras-chave: voz, desenvolvimento, infantil

1. Introdução

Não nascemos com um repertório de palavras, mas sendo capacidade de tê-las.
A função básica da linguagem é comunicar e dar suporte a estruturas de pensamento. No aspecto relacional ou emocional, o núcleo do sentido do maternalês se estabelece quando há enunciados e formas verbais, como conteúdos funcionais. Elliot (1982) chama de traços sintáticos os traços paralinguísticos de entonação exagerada que estão interligados com os traços do discurso, com frases interrogativas e imperativas, mais fluentes, repetitivas e inteligíveis. A aquisição da linguagem ocorre em uma ação recíproca, aonde existe uma parceria de conversação voltada em direção à criança.

2. A Interação

Conforme destaca Bee (1996) um bebê acabado de nascer já está a comunicar. A comunicação verbal é-lhe dado pelo adulto, é ele que dá à criança o significado da comunicação. Por isso os pais têm uma função muito importante, mas também os irmãos, porque conseguem adaptar o seu discurso de modo a fazerem-se entender pelos mais novos. O envolvimento da criança envolve uma modificação da fala materna, numa troca interverbal para conduzir e estruturar a fala da criança.
Essa quantidade da linguagem dos pais, que é importante para as crianças, é chamada de motherese oumaternalêsMotherese ou maternalês (..) é falada numa voz mais aguda, num ritmo mais lento, do que (...)  entre adultos. As frases são curtas, com um vocabulário simples e concreto, e gramaticalmente simples. Os pais quando falam com os filhos, repetem muito, com pequenas variações, ou pode repetir a frase (...) numa forma um pouco mais longa e gramaticalmente correta – um padrão conhecido como uma expansão ou remodelação.
Nesse processo de linguagem a condução e estruturação da fala materna, que possui geralmente uma intensidade de voz mais alta é conhecido como mamanhêspaternalês, e até mesmo tatibitati, conforme destacam Ribeiro e Garcez (1988) e afirmam que o termo original é motherese ou  maternalês (...) trata-se  de  uma  fala  em  tom  de  brincadeira,  caracterizada  por  mudanças  exageradas  na altura da voz, (...) com pausas  longas e sons  vocálicos alongados, acompanhados  de  sorrisos. Abordando sobre a interação, afirma Inês Sim-Sim (1998) que essas frases pequenas e simplificadas da mãe atuam no desenvolvimento da criança porque a musicalidade significativa provoca e se entende como uma troca afetiva através da manutenção da atenção do espaço de interação entre a mãe e criança, através da semântica. No maternalês, a articulação, entoação expressiva e vocabulário simplificado caracterizado por um grande número de enunciados curtos e pela prevalência de palavras carregadas de conteúdo semântico e por um reduzido número de palavras cuja função é meramente gramatical, pela presença preferencial de formas verbais simples, referentes ao presente, passado e futuro imediato.

3. O Desenvolvimento

No aspecto cognitivo da questão, o núcleo do fundamento psíquico do maternalês ocorre na questão da vocalização da criança à atividade verbal interpretativa da mãe, aonde o feedback materno que favorece o desenvolvimento linguístico  está diretamente relacionado com o fenômeno observado no  corpo da criança pequena. Hoff e Hudson (2006) frisam que o desenvolvimento cognitivo da criança depende de interações comunicativas que ocorrem durante a infância. A interação social é, então, fundamental no desenvolvimento do discurso narrativo.
Conforme Perroni (1992), Peterson (1994) e  Mccabe (2004), o processo de construção linguística, a criança estrutura a construção lexical aonde a situação da língua é estruturante e determinante quando a comunicação no nível da compreensão se transforma em algo mais complexo, (...) através das interações linguísticas se transmite o conhecimento, os comportamentos sociais e os aspectos culturais. Para Bates (1976), o adulto é mediador na relação aonde a influência recíproca se interage na didática entre a mãe e a criança, cuja fala espontânea da criança com os pais possui uma ampla variedade de interação comunicativa nessas funções de trocas linguísticas, e que as primeiras vocalizações e gestos da criança surgem desprovidas de intencionalidade, um período de pré-locução que os adultos atribuem significado comunicativo e referencial. Gritar, chorar, sorrir, são sinais a serem interpretados e respondidos distintamente, atribuindo-se-lhes intencionalidade.
Berger & Thompson (1997) dizem que a interação da comunicação infantil envolve a situação materna de motivar a criança, cuja modificação do padrão da fala interage, caracterizando figuras e/ou localizando e nomeando objetos, envolvendo a preferência e caracterizações específicas dessa interação entre a mãe e o bebê, pois bebês recém-nascidos demonstram preferência por sons falados, pela linguagem adulto-para-criança(baby-talk ou motherese) e manifestam clara preferência pela voz da sua mãe.

4. O Aprendizado

Conforme trata Inês Sim-Sim (1998), acerca das interações verbais e do discurso dirigido às crianças pela mãe, existe um ajuste de fala que varia de acordo com a fala infantil, aonde a diretiva materna surge nas primeiras interações verbais, para que a construção do vínculo afetivo se processe aonde a diretiva materna carrega uma intenção de explicitar um diálogo, formador da língua falada;  determinadas características específicas (frases curtas, articulação clara, entoação marcadamente expressiva e vocabulário simplificado) parecem promover a apreensão da língua por parte da criança.
Ornstein, Haden & Hedrick (2001/2003) tratam dessa associação, no aspecto mais intriseco da pesquisa que trata da construção do espaço de interação, a valorização dessa troca afetiva se estabelece numa fala interacionista entre fala e afeto, que é importante para o desenvolvimento da criança, que vai crescendo e formando uma teia externa de relacionamentos, aonde a comunicação baseada na linguagem mãe-criança (maternalês), em conversação sobre eventos contínuos e passados, provê mecanismos para que crianças pequenas adquiram habilidades de memória generalizadas.
Para Campos e Guimarães (2011) a criança nova, centrada nela, facilitada pela relação de afeto com a mãe, pode ter uma continuidade de diálogo por causa de mudanças nas teias de conversação. Por volta dos seis meses de vida da criança, as experiências linguísticas alteram a percepção da criança na aquisição da linguagem.
A forma peculiar que adultos se dirigem à criança lhe dirigirem a fala não apenas demonstra o carinho que se tem por essa criança, mas facilita o aprendizado da mesma. O maternalês é usado não só pelos pais, mas também por outros adultos responsáveis por ela, e exerce um papel importante, ajudam na clareza da fala; a fala fica mais reconhecível, dando inteligibilidade.
Para Rigolet (2000), a afeição, ternura e intimidade provocam construção de característica linguística na criança, aonde a alteração da fala à criança, além de espontânea, pode ser instintivo. O sorriso é determinante no desenvolvimento de competências de comunicação do bebê, pois representa três elementos essenciais: a) o sorriso, bem como toda a expressão facial associada, estão impregnadas de significações socioafetivas positivas de bem-estar físico, psíquico; b) o sorriso é um fator responsável pelo aumento interativo; c) o sorriso serve para estabelecer e manter um contacto à distância e uma relação de reciprocidade. O uso do tom infantil reduzido que assume tom de conversação de adulto, envolve anteriormente um crescimento de características paralinguísticas, inicialmente com estados emocionais exagerados, aonde o discurso da mãe foi modificado à medida em que a criança crescia, fazendo-a estar envolvida com a fala da mãe, durante as atividades de rotina diária. A mãe fala com o bebê das ações, dos objetos, comentando igualmente as atitudes ativas observadas, seus sentimentos e fazendo a sua interpretação. O bebê vai fornecer pistas, através dos seus sorrisos, vocalizações e entoações, gestos e expressões faciais - conjunto de mímicas chamadas paraverbais, que facilitam a descodificação das suas mensagens ainda rudimentares. Assim se promove o desenvolvimento das bases da aquisição do vocabulário de compreensão (receptivo) e de produção.

5. Considerações Finais

O afeto materno inserido na linguagem do maternalês, age no desenvolvimento infantil, pela musicalidade materna significativa que se entende como uma troca afetiva, na manutenção da atenção do espaço de interação com a criança. Agindo diretamente relacionado com o fenômeno observado no corpo infantil, cuja relação entre fala e afeto, forma uma teia externa de relacionamentos, iniciando-se por gestos e sinais, cujos  mecanismos para crianças pequenas geram habilidades de memória generalizadas, aonde as experiências linguísticas alteradas gradualmente, favorecem  pela percepção da criança, a aquisição da linguagem.

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Escrito por Darlan de Almeida Lima e Emanuelle Eudilene P. S. Silva  Desenvolvimento Humano